sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

ODE À NANÃ

ANCIÃ DOS TEMPOS - Rio, junho. 2009

Quando a água e a terra, em pura essência,
Eram a matéria de origem da existência.
A Anciã dos Tempos, que junta os feixes santos
Das palhas extraídas da palma consagrada,
Reinava sobre a lama que formava os pântanos.
E tudo fervilhava de forma presumida,
Ali tudo existia, sem ser, embora sendo
Dos planos da criação, a meta pretendida.
Sua origem, oculta pelo tempo,
Transcende ao tudo e ao nada do universo.
É impossível descrevê-la em simples verso.
Fonte da vida, mãe da sabedoria,
Nunca se irá desvendar tanto mistério
Mesmo cismando sobre Ela noite e dia.
Do seu poder que transforma vida em morte.
Pra renascer melhor, com melhor sorte!
Ainda hoje, lá onde a rã se abriga,
Vibra a essência desta força antiga.
Que entende a voz e o coaxar dos sapos
Embalando no seu feixe de ponta retorcida,
Unidos, todos os que trocam esta vida
Por outra vida em planos bem fadados.
E que em paz como me sinto agora
Também me encontre, chegada a minha hora!
Que suas cores, azuis e violetas
Que suas plantas, orquídeas e trombetas,
Sejam pra mim, defesa e apanágio.
Também que possa eu, ainda neste estágio
De vida material, seguir cultuando,
E prosternado, seu nome ir cantando,
Em lindas preces, ou neste humilde verso:
Saluba Nanã, Mãe do Universo!

Adilson Ifaleke Aráilé Obi

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