Que culpa eu tenho? (Novembro, 2006)
Mãe, que culpa tenho eu de haver nascido
Com a pele escura como o céu da noite?
Filho do tronco, neto do açoite...
Que em nossa raça ainda encontra o alvo.
Que culpa tenho eu, mãe, de ser negro?
De ter no andar a ginga, nos olhos o chamego,
No gesto o afeto, na voz a melodia.
Que culpa tenho eu, mãe, de ser forte,
Superando a doença, derrotando a morte,
Forjado que fui com o mais puro aço,
Sobre a bigorna de meu Pai Ogum?
Serei culpado, mãe, de ser filho do vento?
E cavalgá-lo a qualquer momento,
Correndo sobre ele pra lugar nenhum?
Por que então, se culpa não me cabe,
Condenam-me a viver sem chance, sem caminho?
Que culpa tenho, mãe, de ser mais belo?
De ser esperto, de ser assim maneiro?
E além de negro, também ser brasileiro?
Adilson Ifaleke Aráilé Obi
quinta-feira, 6 de janeiro de 2011
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